Há 17 anos, a vida de Yoko Farias Sugimoto, hoje com 41 anos, tomou um rumo inesperado e doloroso. Em julho de 2008, quando tinha apenas 20 anos, trabalhava como monitora em um parque dentro do Plaza Shopping, em Casa Forte, Zona Norte do Recife. Durante o expediente, enquanto descansava sentada à beira de uma cama elástica, uma colega caiu sobre seu pescoço. O impacto foi devastador: fratura na vértebra cervical, perda imediata dos movimentos e o diagnóstico de tetraplegia.
Naquele dia, Yoko viu seu corpo parar, mas não a sua vontade de viver. Ela fazia bicos para pagar a faculdade de Relações Públicas e sonhava em trilhar uma vida independente. O acidente, no entanto, transformou a rotina da jovem em um desafio constante. A partir dali, cuidados redobrados, internações prolongadas e o peso de uma nova realidade fizeram parte da sua vida.
O apoio familiar também sofreu abalos. Seu pai, que morava no Japão, retornou ao Brasil para ajudá-la, mas faleceu anos depois, vítima de um infarto. Antes disso, Yoko já havia perdido a mãe para o câncer, aos 14 anos, e mais tarde também a avó, que havia sido seu principal amparo. “Minha vida virou de cabeça para baixo no momento em que eu tentava me tornar independente. Eu estava estudando, sonhando com uma profissão, mas tudo foi interrompido”, lembra.
Mesmo diante da dor e da ausência de indenização pelo acidente, Yoko não se entregou. Passou por internações, fez tratamento experimental com células-tronco na China, buscou alternativas para recuperar parte da mobilidade. Conseguiu avanços mínimos na sensibilidade, mas não reverteu a tetraplegia. Ainda assim, nunca se arrependeu. “Era uma pontinha de esperança que eu tinha. Faria tudo de novo”, afirma.
Determinação foi a palavra que passou a guiar sua trajetória. Com esforço, Yoko concluiu o curso tecnológico em Produção de Eventos e trabalhou na Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência. A rotina, porém, não foi fácil. “Pegava dois ônibus e às vezes metrô para chegar ao trabalho. Os elevadores quebrados, motoristas despreparados, tudo dificultava. Pedi demissão porque era muito desgastante”, recorda.
Mesmo diante de tantos obstáculos, ela voltou a sonhar. Concluiu recentemente a graduação em Análise de Sistemas, mesmo com as limitações motoras nos braços, que dificultam até a escrita. Vivia com o benefício de prestação continuada (BPC), mas se dedicava a estudar para concursos e a buscar formas de empreender. Até que, em abril deste ano, um novo baque surgiu: o diagnóstico de câncer de mama.
A descoberta aconteceu no dia do seu aniversário, durante exames de rotina. O choque não foi apenas pelo tumor, mas pela constatação de que a rede de saúde não está preparada para acolher mulheres com deficiência. “Tanto quanto lidar com a doença, é devastador perceber que o sistema não enxerga que corpos como o meu também adoecem. Encontrar um mamógrafo acessível é quase tão raro quanto ganhar na loteria”, desabafa.
Atualmente, Yoko já passou por três sessões de quimioterapia e segue na metade do tratamento. Em breve, realizará novos exames para avaliar a resposta do tumor. Os médicos acreditam que será necessária a retirada da mama. Entre os desafios físicos e emocionais, ela se apoia na força dos amigos e em campanhas de solidariedade, como uma vaquinha virtual que ajuda a custear as despesas do tratamento.
Nas redes sociais, Yoko compartilha sua rotina, fala sobre inclusão e dá voz a pessoas com deficiência que, como ela, enfrentam o descaso do sistema. “Sei como é ser ignorada e considerada incapaz, por isso decidi mostrar que as adversidades existem, mas não me paralisam”, diz.
A história de Yoko é marcada por perdas, dor e injustiça, mas também por resiliência e coragem. Aos que a acompanham, sua luta é uma prova viva de que a vida pode tentar calar os sonhos, mas jamais consegue silenciar a esperança.
E se a caminhada de Yoko tem sido possível mesmo diante de tantas tempestades, muito se deve ao companheirismo inabalável de sua amiga Merinha, que, ao lado dela, cumpre uma promessa feita ao pai de jovem, no momento de sua partida: cuidar dela para sempre. Até hoje, Merinha segue sendo sua fortaleza diária, lembrando que o amor e a amizade verdadeira são forças que nenhum infortúnio pode destruir.
Para quem deseja contribuir e ajudar Yoko nesta nova batalha, ela conta com um canal de doações financeiras por meio de uma vaquinha virtual.
SERVIÇO
Link para ajudar no tratamento de YOKO FARIAS
https://voaa.me/yoko?utm_source=instagram&utm_medium=bio
Por Gabriel Diniz








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