O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal morreu neste sábado (13), no Rio de Janeiro, aos 89 anos, vítima de falência múltipla de órgãos. Reconhecido internacionalmente por sua criatividade e apelidado de “bruxo” da música, Hermeto deixa uma obra que atravessou fronteiras e influenciou gerações.
Entre tantas contribuições, Hermeto destacou-se pela interpretação de “O Trenzinho Caipira”, de Heitor Villa-Lobos. Sua versão se tornou célebre ao ser utilizada por anos como tema de fim de ano da saudosa Rádio Cidade, marcada por mensagens de esperança e celebração.
Trajetória
Nascido em Lagoa da Canoa (AL), em 1936, Hermeto começou a tocar ainda criança, antes mesmo de ler partituras. Adolescente, mudou-se para Recife, onde iniciou sua carreira em rádios e orquestras. Autodidata, dominou diversos instrumentos e ficou conhecido por explorar sons inusitados — de panelas a ruídos da natureza — em suas composições e arranjos.
Sua música transitava entre o jazz, a MPB e a improvisação, sempre com a marca da experimentação. Essa ousadia o consagrou no Brasil e no exterior, com turnês internacionais e parcerias com grandes nomes da música mundial.
Reconhecimento
Hermeto Pascoal foi vencedor de três Grammy Latinos e recebeu diversos prêmios nacionais, como o Prêmio Sharp e o Prêmio Ary Barroso. Também foi agraciado com títulos de doutor honoris causa em instituições brasileiras e estrangeiras.
Em 2024, lançou o álbum Pra você, Ilza, em homenagem à companheira falecida, reafirmando sua vitalidade artística mesmo aos 88 anos.
Legado
Hermeto transformou a música em uma linguagem sem fronteiras, capaz de nascer de qualquer som. Sua genialidade o colocou entre os maiores artistas brasileiros de todos os tempos.
Com sua partida, o Brasil perde um mestre, mas sua obra permanece viva, como um “trenzinho” que segue em movimento, inspirando novas gerações.
Por Gabriel Diniz


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