Era para ser uma ida rotineira a um estabelecimento comercial, mas a surpresa que Débora Nery faria para as amigas, se transformou num caso de polícia.
A auxiliar de loja acredita que foi vítima de racismo praticado por funcionários da Casa dos Frios, localizada no bairro das Graças, Zona Norte do Recife.
A mulher conta que foi impedida por um segurança do local de circular pela loja usando uma mochila. Para que ela pudesse ter acesso à loja, o acessório ficou retido e foi deixado na entrada do estabelecimento. A explicação dada a ela foi que aquilo era um procedimento padrão. Mas, ao transitar pelo estabelecimento, ela relatou que era a única cliente naquela situação.
"Assim que eu entrei, ele me bloqueou e pediu para eu deixar a bolsa. Eu perguntei: A minha bolsa? Ele respondeu: sim, a sua bolsa! Ainda retruquei, a minha bolsa, eu não vou deixar. Porque eu haveria de deixar?", questionou.
É uma orientação minha para que a Sra. deixe sua bolsa ali, naquele carrinho", ordenou e o segurança. "Sem acreditar, olhei pra loja, para saber se tinha alguém sem bolsa, mas todas as clientes estavam de posse das suas. Mesmo assim, deixei a bolsa lá e entrei. Fiz minha compra e fui embora", disse Débora.
A cliente afirma que o preconceito ficou ainda mais evidente quando, momentos depois, ela retornou ao local, na companhia de uma amiga, que usava uma mochila semelhante. A mulher, não foi abordada pelos seguranças do local.
Para Débora, a explicação é uma só, a cor da pele.
"Minha amiga entrou na loja, comprou um salgado e saiu sem ser abordada pelo funcionário. Eu, que estava do lado de fora, entrei novamente no local e perguntei para ele porque ele pediu a minha bolsa e a dela não, e foi quando ele disse que o procedimento era aquele, mas como eu tinha reclamado anteriormente, no caixa, o gerente veio aqui e pediu para a gente mudar a abordagem...", falou ela
Além de procurar a Polícia, Débora acionou o advogado Diogo Ramos que passou a acompanhar o caso de perto. Segundo ele, não há dúvidas que sua cliente foi vítima de racismo. Além do processo cível, a defesa pretende entrar com uma ação por danos morais.
Em nota, a Casa dos Frios diz lamentar o ocorrido e que repudia todo e qualquer ato de racismo. A empresa afirma ter prestado esclarecimentos necessários e adequados e fica à disposição das autoridades para o que for necessário.
A Polícia Civil instaurou inquérito.
REINCIDÊNCIA
Em janeiro de 2017, a mesma Casa dos Frios foi acusada de racismo pelo motorista Mário José Ferreira. Na ocasião, o estabelecimento fechou as portas e chamou a polícia quando ele deixou as compras no caixa e foi ao carro buscar mais dinheiro para completar o pagamento. A empresa alegou que uma funcionária da casa teria visto o mesmo manuseando uma arma nas dependências da loja.
Com informações da TVGuararapes
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