O Setembro Amarelo é uma campanha criada em 2015 com o intuito de informar as pessoas sobre o suicídio, uma prática normalmente associada à depressão. A cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O mês de setembro foi escolhido porque no dia 10 é o Dia Internacional de Prevenção do Suicídio. A cor amarela é a que representa a data, pois em 1994, um jovem de 17 anos chamado Mike Emme, que morava com os seus pais em Westminster, nos Estados Unidos, se matou dentro de seu Ford Mustang amarelo. O carro era o principal passatempo do jovem e, desde então, as campanhas de prevenção pelo mundo utilizam a cor amarela para homenagear o garoto.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e divulgado pelo Pine Rest Christian Mental Health Services, um hospital psiquiátrico e profissional de saúde comportamental americana, relatou que o suicídio aumentou 32% durante a quarentena.
O psicólogo Guilherme Aguiar, de São Carlos, comenta que a campanha de prevenção no período de pandemia tem um papel importante para informar e alertar as pessoas que não têm acesso a essas informações. Por isso, diz, muitas pessoas acabam se tornando um grupo de risco potencial. "O suicídio não é um ato impulsivo, mas uma consequência de várias tentativas frustradas de ajuda com familiares e sistema de saúde. Se nada dá fim ao sofrimento, a saída mais trágica acaba sendo o suicídio”.
Críticas à campanha
A campanha Setembro Amarelo sofre algumas críticas por parte da população, por não chegar em quem ela realmente busca atingir. Romulo Gisolfi, 20, morador de Santo André e portador de depressão, afirma que a campanha só ajuda a quem quer ser ajudado. “Por ser feita quase que exclusivamente online, parece ajudar de forma supérflua”.
Romulo também afirma que o isolamento está sendo um momento único em sua vida. “ O confinamento nos faz parar e refletir sobre nós mesmos, alternando os momentos de ansiedade e desesperança, com aqueles de introspecção e autoconhecimento”.
O período de distanciamento social é um fator preocupante para quem tem depressão. Daiane Melozi, 39, moradora de São Bernardo e empresária convive com a depressão há quatro anos e afirma que o período de isolamento social tem sido o mais difícil que enfrentou até agora. “Saio para trabalhar e volto. A rotina se repete e não posso mais sair de casa para me distrair”.
Desafio para a saúde mental de todos
A psiquiatra Jessica Barbosa, atende no espaço jardim do mar em São Bernardo, e afirma que o isolamento tem sido um perigo para a saúde mental de toda a população. “Muitas pessoas que não tinham nenhum transtorno psiquiátrico antes, passaram a desenvolver quadros de depressão, crises de ansiedade e síndrome do pânico". De acordo com Jessica, isso tende a aumentar o numero de suicídios, pois as pessoas acabam ficando mais isoladas e sem conversar.
A médica ressalta que manter laços afetivos nesse momento é a melhor forma de se combater o sentimento de solidão. “Adolescentes e idosos costumam ser os mais afetados pela pandemia, pois os mais jovens estão acostumados a conviver em grupo e os mais velhos são os mais vulneráveis". Na opinião da psiquiatra, os encontros, ainda que virtuais, precisam acontecer para os laços afetivos sejam mantidos e evite o sentimento de solidão.
Por Leonardo Cunha
Ilustração: Daniel Araújo
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