Morre 'Barruada', do cachorro-quente do Salesiano


Morreu na madrugada desta terça-feira (02), Joaquim Antônio da Silva, o Barruada, conhecido vendedor de cachorro-quente, das imediações do Colégio Salesiano, na Rua Dom Bosco, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife.

Aos 72 anos, asmático e com apenas um pulmão, o ambulante estava internado desde janeiro no IMIP, na Ilha do Leite, devido a uma infecção respiratória causada por um comprometimento nas vias aéreas.

Às 4h40, de hoje, teve uma parada cardíaca. A equipe médica tentou reanimá-lo, mas ele não resistiu.

Embora estivesse internado para tratar problemas pulmonares, familiares confirmaram que a causa morte não teve nenhuma relação com a Covid-19.

HISTÓRIA

Barruada, veio de Araçoiaba, município da Região Metropolitana do Recife, para vender chocolate na porta dos cinemas da capital, no meio dos anos 1960. Em meados de 1975, chegou à Rua Dom Bosco, onde fixou o carrinho de cachorros-quentes. “Ele não dava um sorriso pra ninguém, sempre foi muito sério. Foi a gente que colocou o apelido. No começo, ele não gostava, ficava bravo. Depois, aderiu”, contou um ex-aluno do Salesiano.

Conhecido por tantos, sempre dizia: “Esses meninos e meninas do Salesiano estão em todo canto. Tem doutor, engenheiro, advogado. Às vezes, vou no hospital, tá lá um médico que me conhece do tempo do colégio. Tô andando na rua, encosta um carrão com uma mulher rica me dando abraço. Muita gente me conhece, mas a maioria das vezes eu nem lembro quem é”.

Em 2020, passando por dificuldades financeiras, devido à Pandemia, um grupo de ex-alunos do estabelecimento de ensino fez uma campanha para arrecadar doações ao vendedor, que morava sozinho num quitinete na rua do Hospício, em frente ao teatro do Parque, e ajudava no sustento das famílias de três filhos e seis netos.

“Eu tinha umas reservas, mas elas acabaram. Fiquei aperreado e pedi ajuda a um menino, amigo meu, um advogado que estudou no Salesiano. Gravei o vídeo e ele botou num grupo de WhatsApp onde tem outros meninos e outras meninas que foram do colégio”. Ele acreditava que a ajuda viria apenas dos 30 ou 40 amigos da turma do advogado amigo – cujo nome não revelava de jeito nenhum.

A solidariedade foi tanta que, após receber alguns milhares de reais, o vendedor teve uma atitude louvável e gravou um vídeo pedindo para pararem de depositar a ajuda, pois já havia ganhado o suficiente.


“Ô, meu filho, aqui é Barruada, que pediu ajuda a vocês. A gente estava olhando a conta aqui que vocês fizeram os depósitos e a gente estava pensando em parar. Vamos parar, por favor, um pouco. O que vocês me ajudaram já dá para vencer a batalha. Peço a vocês, por favor, parem. Se precisar, a gente pede a vocês de novo. Muito obrigado pela ajuda”, afirmou ele, no vídeo que fez sucesso nas redes sociais.

Barruada foi sepultado na manhã desta terça-feira (2), no cemitério de Santo Amaro. 

Atualizada às 15h09 (02/03/2021)

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