Um protesto realizado na manhã deste sábado (19) escancarou denúncias de abuso e tentativa de monopólio comercial na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O ato aconteceu na altura do número 2712 da Avenida Boa Viagem, em frente à barraca do comerciante Carlos Vasconcelos, conhecido como "Pezão".
Dezenas de ambulantes e vendedores da orla participaram da manifestação para denunciar práticas consideradas abusivas e ilegais por parte do empresário. Segundo os trabalhadores, Pezão estaria impedindo vendedores independentes — mesmo os cadastrados pela Prefeitura — de oferecerem produtos aos frequentadores que utilizam as cadeiras e guarda-sóis de sua barraca. Além disso, relataram a cobrança de uma taxa de R$ 50 para que clientes possam consumir alimentos ou bebidas comprados de outros vendedores, o que fere diretamente o direito ao trabalho em espaço público.
“Ele quer tomar a praia para si, como se fosse dono da areia. A gente paga imposto, tem licença da Prefeitura e mesmo assim somos expulsos das imediações da barraca dele”, afirma um ambulante. Os relatos se multiplicam e denunciam um suposto esquema de intimidação e restrição de circulação em uma área que é pública e deveria ser de livre acesso.
Carlos Vasconcelos, de 65 anos, é natural do Rio de Janeiro e está instalado no local há mais de 10 anos. Em entrevistas anteriores, fez declarações polêmicas que, segundo os ambulantes, escancaram o preconceito e desprezo pelos demais trabalhadores da praia. “Você sabe, os barraqueiros aqui não têm instrução (...). As visitas que eu trazia comentavam o mau atendimento. Isso assustava os turistas”, disse ele, ao justificar a criação do que chama de “serviço diferenciado” em sua barraca.
A postura do empresário é vista pelos trabalhadores como elitista e discriminatória, além de ilegal. “Querem transformar um espaço público em negócio privado. Até para sentar nas cadeiras deles, o cliente tem que consumir o que ele vende, senão paga multa. É um absurdo”, declarou outro vendedor.
Apesar da gravidade das denúncias, nenhuma autoridade municipal compareceu ao local durante o protesto, o que revoltou ainda mais os ambulantes. Eles exigem resposta imediata da Prefeitura do Recife, da Secretaria de Controle Urbano e do Ministério Público de Pernambuco, com fiscalização rigorosa, garantia do direito ao trabalho e responsabilização por práticas abusivas.
Por Gabriel Diniz
Foto: Boa Viagem Ordinário

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